Economia, tecnologia, design, valores, comportamento e mudanças. A multidisciplinariedade foi a marca da 6ª edição do Reload Sindilojas, realizado nesta quarta-feira (11) no Weiand Hotel em Lajeado. Cerca de 450 pessoas, entre empresários, autoridades, gestores e colaboradores, puderam acompanhar uma programação diversificada, composta por palestras e workshops simultâneos com profissionais locais, estaduais e até de renome nacional. Explorando o tema “Ser no presente é estar no futuro”, as atrações revelaram métodos e descreveram tendências e projeções para a evolução do varejo e dos serviços através de painéis caracterizados por bate-papos e interações com o público.
Crescimento da economia na casa dos 2,8% em 2018
Economista-chefe da Fecomércio, Patrícia Palermo abriu o evento com a palestra “Economia: desafios e oportunidades à vista”. Se expressando de maneira simples e com uma linguagem acessível, ela abordou as perspectivas e os riscos econômicos para o curto e longo prazo, descrevendo o cenário atual a partir de três pilares. O primeiro é sustentado pelas incertezas políticas de um ambiente subordinado à dinâmica eleitoral e à descrença popular. O segundo se refere à recuperação cíclica da economia, marcada pela melhoria no mercado de trabalho formal, redução do endividamento familiar e aumento da concessão de crédito. Por fim, a queda da inflação refletida na redução das taxas de juros e nos preços de produtos e serviços. Assim, diante de um mercado mais sólido e financeiramente mais estabilizado, a consequência é clara: o gradativo aumento do consumo. De acordo com Patrícia, a estimativa de crescimento da economia nacional em 2018 na casa dos 2,8% evidencia um período de tranquilidade, mas a que se lembrar que bons ventos não duram para sempre. “Não teremos soluções fáceis para problemas complexos”, alertou. A profissional ainda ressaltou a necessidade de se entender o que está acontecendo para poder tomar as melhores decisões, sempre avaliando desafios e oportunidades internas. “Às vezes a gente coloca nas costas da crise culpas que são nossas”, reconheceu.
Essência e valorização dos funcionários
O workshop “Marcas de valor: o presente e o futuro de empresas que fazem a diferença”, apresentou dois profissionais lajeadenses que trazem como características em comum o empreendedorismo e a origem tipicamente familiar: Lucas Trevisol, da Inttegra Alimentos e Vovó Faz Bolo, e Alexandre Heineck, da Docile Alimentos. Para Trevisol, a definição da essência da organização facilita a tomada de decisão e determina a forma como se planeja ser lembrado pelos consumidores. De acordo com ele, as pessoas mais importantes para uma empresa são os funcionários, pois são eles que carregam a imagem e preservam os valores fundamentais da companhia. “Ter claro sua essência enquanto empresa ajuda a perpetuar o negócio”, apontou. Heineck também defendeu a relevância da equipe, revelando que o segredo do bom funcionamento está em se cercar de pessoas engajadas e comprometidas. “O desafio é justamente transmitir essas coisas que são essenciais para a gente aos colaboradores e a todos os demais que estão conosco”, avaliou.
Varejo com ruptura de modelo de negócio
O designer Reinaldo Leão Forte atraiu a atenção da plateia do workshop Varejando a partir da proposição de ruptura de modelo e estrutura de negócio. Durante uma explanação baseada em experiências e rotinas do trabalho na área de arquitetura, o profissional explicou que cabe aos empresários uma avaliação criteriosa de sua organização para crescer. Ao esclarecer o título da apresentação, afirmou que se trata de uma brincadeira, pois assim como a mosca varejeira, muitas pessoas ficam em volta de uma mesma situação quando tem uma natureza rica de oportunidades em volta para explorar.
O primeiro passo, segundo Forte, é olhar pra dentro do seu negócio. “Se avalie, pare de olhar para o seu vizinho, de achar que determinado modelo e formato de negócio funciona para o seu também. Não funciona, é diferente”, afirmou. O risco nesses casos é esquecer os próprios valores que caracterizam a si e ao empreendimento. Para ele, “varejo é serviço, o resto é commodities, é produto. Podem existir duas lojas iguais e uma vender muito mais porque tem atendimento melhor”.
Novas formas de consumo de mídia
Com o propósito de conseguir descomplicar o mundo digital, Arturo Garziera explanou sobre a nova forma de consumir mídia e o universo de ferramentas e canais existentes. O responsável pela área digital do Grupo RBS baseou o workshop Inspiração em Meio à Confusão passando a mensagem da importância das marcas conhecerem o perfil do seu cliente para então definir estratégias. Garziera avalia que naturalmente as pessoas olham o digital como complexo, até porque é uma área muito técnica. Mas adverte que o mindset é igual ao que já se vê há muitos anos. “Podemos construir boas soluções, desde que haja um autoconhecimento antes de sair fazendo as coisas e usando um monte de tecnologias sem saber o objetivo”, disse.
O profissional apresentou indicadores de mercado, como o investimento em mídia digital que já ocupa a segunda colocação, só atrás da televisão. “Por isso, mais do que nunca, é importante não ter medo de se aventurar no ambiente digital”, destacou. Nesse sentido, falou da relevância de comunicar utilizando vídeos e observou que não é necessário restringi-los a superproduções em estúdio ou produtoras. “Isso tem espaço também, mas é necessário fazer sem medo de errar. Essa linguagem mais leve e solta dos vídeos com o celular é muito bem aceita pelas pessoas”, observou.
Sem separação entre ambientes on e off line
Conhecido por sua palestra muda, o doutor em Comunicação Dado Schneider iniciou sua abordagem explorando apenas projeções visuais, e sem dizer nada, falou muito. Quando assumiu o microfone, ele salientou o choque de comportamento entre os nascidos antes dos anos 2000 e aqueles que chegaram à vida já imersos em tecnologia e internet. Afirmando que os mais velhos não estão preparados para lidar com a nova geração, a qual adota o compartilhamento, cooperação, consumo solidário e inteligência artificial, Schneider declarou que esses jovens não aceitarão copiar antigos modelos de trabalho e de compras. Comparando o mercado a uma selva, ele decretou: “Não vivemos uma era de mudança somente. A mudança é a nossa era”. A partir disso, o maior desafio para o profissional do século XXI é justamente vir para o século XXI e aceitar que hoje não existe mais separação entre ambientes on e off line: “Se existe, é real”. Ao falar de autoridade, satisfação profissional e presença em redes sociais, Schneider projetou os próximos dez anos e seus principais atributos: velocidade, exigência e complexidade.
Texto: Ascom Sindilojas