A gestão pública tem seus princípios consolidados por lei na nossa Constituição Federal e deve ser, a princípio, pautada por eles com o simples e único objetivo de se utilizar os recursos em prol da população. Então, por qual motivo não temos essa certeza quando procuramos repartições públicas?
As razões são muitas, funcionários desmotivados, acomodações sucateadas, processos burocráticos e muita incompetência gerencial. Infelizmente o patrimonialismo brasileiro, do qual falamos há alguns dias, é a principal causa dessa consequência desastrosa que é o atendimento ao público por parte desse setor. Sim, a prática enraizada na cultura política brasileira, de achar que a coisa pública pertence a um grupo político, e em alguns casos até pior, a uma família, é a maior culpada pela falta de um atendimento e de uma gestão profissionalizada.
A solução, que depende muito da boa vontade e do esclarecimento do eleitor em mudar esse quadro, passa pela exigência no período de administração de práticas com transparência, eficiência e cobrança dos gestores públicos eleitos para que eles cumpram com o prometido em campanha. Fomos acostumados a crer que um período ideal de exigência aos políticos é o momento eleitoral. Nesse tempo as pessoas reclamam, fiscalizam, solicitam e cobram ações como raramente fazem durante o mandato. Porém, temos que entender que após os políticos serem eleitos é que temos a obrigação de cobrar o que prometeram e que os gestores têm obrigação de retornar de modo eficaz os serviços à população.
A verdade é que o coronelismo ainda impera em vários currais eleitorais, mostrando a faceta sórdida da velha política, onde as administrações são voltadas ao velho hábito de servir poucos, normalmente familiares e amigos próximos dos gestores, que por sua vez deixam claro o modelo amador de sua administração sentido principalmente no atendimento à população.
Porém, inúmeros mandatários já perceberam que há uma facilidade de andamento da vida política quando a gestão é corretamente aplicada. Uma gestão correta, que passa por uma linha de conduta administrativa e política que prima ideias e pensamentos voltados exclusivamente ao bom serviço ao cidadão, traz consigo uma carga política eleitoral extremamente proveitosa ao homem público. Esse modelo, além disso, também faz com que o funcionário público trabalhe melhor, mais motivado com suas realizações, com a percepção clara de que a sua atividade é gratificante pelo reconhecimento não só de seus pares como principalmente da comunidade. É uma via de ganhos mútuos onde tanto o gestor político, o prestador de serviço público e principalmente a população, sairão satisfeitos com o andamento de suas demandas.
Boa semana!
Fredi Camargo – Cientista Político
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