Estamos vivendo um momento que evidencia e justifica a afirmação que os agricultores colocam a semente na terra e ficam olhando para o céu, rogando à Deus para que a mãe natureza colabore com seu esforço e se comporte adequadamente, favorecendo o crescimento e a necessária produtividade de suas lavouras. É preciso que não ocorram estiagens prolongadas, tempestades com vendavais, granizo e enxurradas. Cultivaram empregando alta tecnologia, usando todos os cuidados e insumos necessários para uma boa colheita, como usualmente fazem, mas infelizmente a chuva não veio e o sol abrasivo queimou as plantas quando mais precisavam de umidade em seus estágios vegetativos.
O resultado disto, estamos colhendo agora, uma quebra significativa na produção, em alguns casos chegando até a totalidade.
Em Estrela, por exemplo, onde em condições normais colhemos aproximadamente 200 mil toneladas de milho para silagem e 12 mil toneladas para grão, estimamos um prejuízo de quase a metade deste volume e ainda o que restou, é de qualidade inferior.
Da mesma forma, está ocorrendo numa forte queda na produção leiteira, fruto do intenso calor e falta de umidade, prejudicando o crescimento das pastagens. A alta qualificação genética do nosso rebanho, na quase totalidade de origem europeia, sofrem um forte estresse técnico, muito embora os cuidados e providências para amenizar as consequências.
Resumindo, além do grande esforço dos produtores e suas famílias, dos significativos investimentos necessários para uma produção tecnificada e eficiente, garantindo a necessária rentabilidade e a suas sobrevivências, uma frustração desta ordem, compromete seriamente o cumprimento de suas obrigações financeiras, levando-os ao endividamento.
Cada vez mais os mercados exigem eficiência e melhoria na qualidade dos produtos, tanto na produção de cereais, hortigranjeiros como de proteína animal, impondo a necessidade de expressivos investimentos no campo, em insumos, equipamentos, instalações, material genético e mão de obra especializada.
Este quadro, evidencia mais uma vez, a necessidade de os produtores serem melhor remunerados por suas produções e participarem de forma mais equitativa e justa dos valores pagos pelos consumidores. Não são poucas as crises enfrentadas por setores importantes, como é o caso do leite, que vem amargando um longo período de preços baixos, com significativos prejuízos aos que produzem.
É urgente a necessidade de se implantar definitivamente, as tão faladas e prometidas políticas públicas, capazes de oferecer sobrevivência e tranquilidade, mesmo em situações adversas como ora vivemos, aos que se dedicam a nobre missão de produzir alimentos.
José Adão Braun
Secretário de Agricultura de Estrela