A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) está dispondo do período das férias para revitalizar uma de suas salas. O espaço será para a Sala de Estimulação Multissensorial Snoezelen/MSE. O ambiente permite estimular os sentidos primários como o toque, o paladar, a visão, o som, o cheiro, sem existir a necessidade de recorrer às capacidades intelectuais, mas sim às capacidades sensoriais dos indivíduos, oferecendo efeitos terapêuticos e pedagógicos positivos com mudanças neuropsicológicas e oscilações neurais.
O projeto foi contemplado por recursos do Banco do Brasil via Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (COMDICA) e a APAE está sendo beneficiada com R$ 40 mil reais. O projeto também conta com o apoio do APLUB Capitalização e TRILEGAL. Ao todo serão investidos aproximadamente R$ 90 mil reais. A coordenadora de projetos Cândida Catto está frente à coordenação e ficou surpresa pela contemplação inesperada do Banco do Brasil, pois esse era o valor que faltava para a conclusão da sala.
Cândida conta que a sala trabalha todos os sentidos e que todo o projeto e elaboração foi realizado pela Sensori Engenharia Sensorial, que tem como responsável o engenheiro eletricista e empresário Fabio Luís Pauli, em parceria com a Rede Nacional Snoezelen/MSE, representada pela AMCIP (Associação Mantenedora de Centro Integrado de Prevenção) Curitiba – PR, detentora dos direitos intelectuais do SNOEZELEN/MSE, no Brasil. “Ele está muito envolvido e disse que um dos maiores projetos que está fazendo é o nosso. É uma tecnologia muito avançada e toda a estrutura requer muito investimento”, diz Cândida, afirmando estar encantada em ter na APAE de Lajeado um espaço inovador e diferenciado que utiliza de novas tecnologias e tem mostrado resultados positivos com as pessoas com deficiência.
A entidade participou de um workshop sobre a metodologia na APAE de Marau, a qual possui o Centro Snoezelen/MSE – RS, sendo a disseminadora estadual e a responsável pelo método no estado. Ano passado cinco profissionais da instituição participaram do Curso de Capacitação da Metodologia Snoezelen MSE para se qualificar como terapeutas Snoezelen/MSE, realizado na APAE de Marau.
Somente a terapeuta ocupacional Cristiane Schneider, a psicopedagoga Cristiane Loposzinski, a psicóloga Mônica Araújo, a fonoaudióloga Fabiane Horn e a fisioterapeuta Jussié Alba que foram capacitadas, poderão utilizar o espaço como Terapeutas Snoezelen. No feriado do carnaval a empresa Sensori estará com seus funcionários trabalhando na montagem do projeto e a partir de fim de maio ou junho a instituição realizará uma inauguração interna e iniciará alguns atendimentos, e após meses de estágio comprovado, poderá realizar a inauguração para a comunidade.
Só no aguardo
A psicóloga Mônica Araújo está ansiosa para ver a sala pronta e começar os atendimentos no espaço. Após participarem de cinco dias de curso e, além do teórico, vivenciarem as sensações da sala de estimulação, o entusiasmo é poder mostrar para as crianças e jovens a magia que o ambiente pode proporcionar. “Podemos explorar muitas coisas dentro da sala, dependendo de qual objetivo queremos atingir com o usuário” e afirma que a sala surpreende por toda a magia que a cerca.
Pelos relatos que viram no curso e atendimento que realizaram os usuários também se sentem motivadas a entrar no local. “Quem está indo pela primeira vez é mágico, quando entra tem todo um mistério, começa a olhar, sentir os aromas e sabores e dá vontade de explorar tudo”. Mônica está feliz com a nova metodologia para desenvolver trabalho com alternativa diferenciada. “Se para nós que somos adultos foi tão fantástico e saímos de lá leves, imagina o que as crianças não vão achar”.
Dando vida a Sala Snoezelen
O engenheiro eletricista e pós-graduado em MBA – Gerenciamento de Projetos – Fundação Getúlio Vargas Fábio Luís Pauli iniciou o projeto das salas em 2009. Ainda na graduação de engenharia, a APAE de Bauru buscou apoio com o coordenador de engenharia da Faculdade para desenvolver o projeto da Sala de Estimulação Multissensorial SNOEZELEN/MSE. Na ocasião tinham pouca informação a respeito da metodologia. A proposta do coordenador seria que esse desenvolvimento entraria como trabalho de conclusão de curso (TCC). “Embarquei nessa jornada e desenvolvi a primeira sala do estado de São Paulo. Esse projeto se tornou o Centro SNOEZELE/MSE do Estado de São Paulo. Após a formatura observei o projeto como uma oportunidade de dar continuidade a um trabalho nobre de ajuda ao próximo aliado a uma ótima oportunidade de negócios e nos dois anos seguintes, desenvolvi mais duas salas”, salienta.
Em 2011 criou a Sensori Engenharia Sensorial que hoje é a única empresa no Brasil especializada no projeto de Criação das Salas de Estimulação Multissensorial para a Metodologia SNOEZELEN/MSE, através de contrato com a Rede Nacional SNOEZELEN/MSE, representada pela AMCIP. Esse direito nos é dado pela experiência, padronização, qualidade e atendimento aos requisitos do método. Atendemos todo o Brasil.
Para o engenheiro, desenvolver o projeto junto à APAE de Lajeado está sendo muito positivo. A diretoria é muito receptiva, colaborativa e atenciosa. O engajamento do projeto é integral. “Todas as ações em conjunto estão sendo muito bem conversadas e elaboradas e o suporte, em especial, da Cândida é imediato em todos os aspectos. Está sendo uma experiência fantástica. Costumo dizer que quando a direção está em sintonia com o projeto tudo ocorre maravilhosamente bem”, diz o profissional, que também está feliz com a participação da equipe técnica em todas as decisões do projeto. “O grupo está participativo e interessado, com certeza farão um belo trabalho com os alunos e usuários da APAE”.
Pauli afirma que os resultados são positivos com grandes benefícios da terapia. “Meu maior objetivo e meta pessoal é poder disponibilizar esse projeto ao número máximo de pessoas dentro de minhas possibilidades, essa será minha maior realização”, diz o engenheiro.
Metodologia
A palavra SNOEZELEN é a contração de duas palavras e significa “snuffelen”, ver e explorar; e “doezelen”, relaxar, já MSE vem do Multi Sensory Enviroment que são ambientes multissensoriais. A metodologia tem um conceito multifuncional em ambiente interno, criado para oferecer estímulos que despertam e liberam as percepções sensoriais. Oferece espaços com luzes, aromas, superfícies táteis, imagens que se movem e outras experiências confortáveis e seguras em um ambiente controlado.
A APAE de Lajeado acredita ser de extrema importância para os usuários (pessoas com deficiência moderada, severa e autistas de todas as idades) a implementação destes recursos para reabilitar indivíduos. São terapias complementares que podem auxiliar no desenvolvimento do potencial de pessoas com deficiência e com dificuldades severas. A sala funcionará como espaço físico para realização de atividades terapêuticas, com sessões individuais ou em grupo de 30 minutos semanais ou outra indicação prescrita pela equipe responsável.
A sustentabilidade e continuidade do projeto se dará pela garantia de recursos da própria organização (APAE), com auxilio de parceiros da comunidade assim como também o poder público municipal.
Fonte: Ass. de Imprensa da Apae Lajeado
Foto: Renata Leal