Trabalho pedagógico na Emei Raio de Sol leva pequenos do Jardim a uma pesquisa completa das origens e costumes familiares, estrelenses e de outras culturas
Localizada no Bairro Oriental, em Estrela, a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Raio de Sol conta com mais de 110 alunos. Destes, 49 nas duas turmas do Jardim. Ao longo dos últimos três meses, estas vivenciam e participam de ações de projetos pedagógicos específicos. “Quem somos nós? De onde viemos? O que trazemos?” foi o projeto desenvolvido com a turma A do Jardim e que levou as suas crianças a conhecerem origens, características e costumes de suas famílias, de seus colegas, e a partir de histórias e tradições a confraternizarem em aulas de culinária, música, passeios pela cidade e visitas aos lares de todos da sala de aula.
Coordenado pela professora Daiane Halmenschlager, o projeto partiu de uma entrevista enviada às famílias. Nela os educadores solicitaram aos pais que estes descrevessem suas origens, brincadeiras, músicas e comidas prediletas além de costumes entre outras questões. Com as informações iniciais de cada criança e família, partiu-se para pesquisas sobre as heranças alemãs, indígenas e italianas da região. A presença de alunos haitianos na turma também incentivou o aprofundamento dos temas desta origem. “O objetivo geral do projeto foi o de proporcionar um autoconhecimento dos alunos e dos respectivos colegas de turma, a diversidade cultural, demonstrando empatia, percebendo e valorizando as diferenças”, explica Daiane Halmenschlager. “Considerando a diversidade cultural, o projeto foi elaborado visando aproximar as vivências de cada família à escola e a construção da identidade das crianças, valorizando os costumes e as tradições. Trabalhar a identidade proporciona aos pequenos a percepção de que eles têm uma história de vida, fazem parte de uma família, mantém costumes e tradições, além de serem partes atuantes no mundo em que vivem”, completa ela.
Práticas e passeios
O conjunto de informações pessoais e históricos também foi ponto de partida para as diversas situações de aprendizagem práticas e coletivas. Autorretratos, gráficos de idades e de medidas dos alunos e familiares foram elaborados. Momentos de culinária onde reproduziram algumas receitas enviadas pelas famílias, entre elas o pão caseiro, divertiram a todos. Pinturas ocorreram a partir da elaboração de tintas caseiras criadas com cenoura, café e beterraba. Com a presença de alunos haitianos, a cultura afro não foi esquecida. Os pequenos participaram de uma pesquisa sobre o Baobá – árvore sagrada para os afros – e lendas infantis levaram à confecção de “panôs” – tecidos que contam histórias. As origens do povo brasileiro foram trabalhadas através das músicas e costumes indígenas, inclusive com a produção de alguns instrumentos musicais.
Saídas de campo também marcaram o projeto em dois momentos. Inicialmente uma visita a pontos importantes e turísticos de Estrela, igualmente estudados. “Já em um segundo momento visitamos a casa de cada uma das crianças. Foram situações marcantes para elas. Conforme vivem suas primeiras experiências na coletividade, elaboram perguntas sobre si e os demais, aprendendo a se perceberem e se colocarem no ponto de vista do outro, a se oporem ou concordarem com seus pares, entendendo os sentimentos e os motivos, as ideias e o cotidiano dos demais parceiros”, completa a orientadora da Emei, Cristiane Luceno.
Texto: Rodrigo Angeli
Fotos: Emei Raio de Sol/Prefeitura de Estrela