Na semana em que todos estão protestando por causa da reforma da previdência que está em pauta no Congresso, fiz uma provocação em meu perfil do Facebook, com os seguintes dizeres: “sou a favor da REFORMA DA PREVIDÊNCIA”. Minha intenção foi de verificar até que ponto as pessoas estão aprofundadas naquilo que elas discutem nas redes sociais e também perceber se a teoria da espiral do silencia ainda existe na prática.
Em sua teoria, a cientista alemã Elisabeth Noelle-Neumann, disserta sobre o resguardo das pessoas em emitir suas opiniões quando certificam-se que estão em minoria com medo do isolamento social. Ou seja, para não serem marginalizadas da sociedade ou de seu grupo social, preferem omitir sua opinião do que deixar seus pensamentos e conceitos abertos ao debate.
Uma forma de averiguar tal fato é emitir uma opinião hoje em dia onde o politicamente correto não prevaleça, mesmo que você esteja convicto de que ideologicamente seja o melhor a se fazer. Muitos políticos fisiológicos se unem hoje no que denominam estado de governabilidade, para simplesmente chutarem suas convicções ideológicas em nome de um projeto de poder partidário ou, o que ocorre na imensa maioria das vezes, pessoal. Outros criam caricaturas de “super-sinceros” onde falam o que lhes vem na cabeça, numa verdadeira latrina verbal, sem se dar conta de que podem até ser considerados autênticos e verdadeiros, mas no fundo estão ensinando absurdos para gerações futuras.
A verdade é que na política não existe convicções e coesões de ideias, cada um atira para o lado que lhe convém em nome de seu status. O caso que tivemos no Brasil, da cassação do mandato de Dilma Roussef, nos serve de exemplo de que, quando se trata de manter ou assumir um poder maior, as alianças e os discursos de apoio uns para com os outros se esvaem com castelos de areia ao mar. E para não parecer parcial, temos também o exemplo de antigos desafetos políticos que, em um piscar de olhos, se uniram em prol da busca de sua perpetuação no poder como também nos mostrou o ex-presidente Lula na montagem de seus dois mandatos. Ou seja, não nos enganemos com os discursos. Devemos prestar mais atenção nas práticas, essas sim mostram a verdadeira face dos políticos.
Mas vamos além, a única coisa que ainda não se explicou mesmo aqui nesse país é do porquê bancos e multinacionais nacionais e estrangeiras ainda investirem tantos recursos em campanhas eleitorais. A resposta é simples e cai de madura, porque precisamos entrar em conflitos sobre quem rouba mais ou menos, sobre como vamos ficar em nossas aposentadorias de fome, sobre qual partido é menos imaculado que o outro para que não percebamos que na verdade aqueles que sempre se utilizaram do povo, dos políticos e de todas as classes para manterem-se com o poder na mão, não sejam descobertos. Existe sim um sistema que domina tudo isso, o capital, um grupo que se utiliza de toda a estrutura social para se manter no topo. E nós a brigar como galos de rinha sem notar que os que pensam na briga são os que a utilizam para nos desviar o foco.
Em tempo. Em relação à minha experiência, vi que sim, em redes sociais ainda prevalece a espiral do silêncio, ainda prevalece a ditadura das massas e o que é muito pior, as pessoas continuam rasas em suas argumentações, conhecimentos e objetivos, brigando somente por convicções passionais. No que diz respeito às reformas, sou a favor da previdenciária em outros moldes, da tributária, da econômica, da política, da penal e da educação, pois afinal de contas, casa velha, se não for reformada, cai, e a nossa está desabando. Só que reforma, sem aquela cúpula do capital precisar e se beneficiar, não existe.
Uma boa semana!
Fredi Camargo – Cientista Político
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