Nem tudo que reluz é ouro. Esta frase já foi usada em várias oportunidades e quer dizer que nem tudo que parece bom realmente pode ser bom. De fato, às vezes pensamos que boas notícias e ações podem representar uma nova etapa em nossas vidas, sempre para melhor, afinal tratam-se de boas notícias.
Na política não é diferente. Peguemos como exemplo e referência o que ocorre no Brasil nos últimos anos. Desde 2014 o país vê que os fatores nesta esfera que sempre determinaram as coisas em nossa vida foram os principais causadores de uma crise sem precedentes, pelo menos nos últimos 20 anos. A falta de credibilidade na política brasileira, tendo como reflexo o afastamento de investidores internacionais e o recuo da economia interna, causou um efeito dominó na vida da população.
Por causa das descobertas de falcatruas e sujeiras políticas o povo acabou pagando a conta. O desemprego, a recessão econômica e o medo tomaram conta da nação. As pessoas que por anos puderam experimentar uma situação confortável, cômoda e estável agora tiveram que reviver momentos do século passado.
O medo deu uma trégua com os movimentos políticos do ano passado. A queda do PT poderia representar uma renovação. Um governo preocupado em reformar o Estado e trazer novamente a credibilidade externa para nossa economia parecia estar nascendo naquele momento, com um discurso de austeridade fiscal, corte de gastos supérfluos e retomada de investimentos públicos no desenvolvimento da nação.
Não foi o que se viu. Infelizmente o que reluzia como uma nova chance ao povo, foi-se esfarelando com a equipe montada por Michel Temer. Uma equipe que já nasceu sem credibilidade moral, contando com apadrinhamentos para a proteção de indivíduos claramente com complicações na esfera judicial. Temer foi tentando se enganar e enganar a população, mostrando uma falsa imagem pública de homem reto e de gestor eficiente quando na realidade é só mais um exímio articulador político que Brasília criou.
Está claro que trocou-se uma quadrilha por outra. Estamos embretados entre a velha oligarquia política brasileira e uma nova política populista bolivariana que só pensam em mamar nas tetas do dinheiro que nossos impostos deixam nos cofres do governo. Nossa chance de dar certo viria com uma reforma profunda institucional, política e moral.
Enquanto aceitarmos que empresas emergentes através do desvio do nosso dinheiro forem as financiadoras do sistema político. Se acharmos que a velha escola do coronelismo é a política que devemos ter pois pelo menos “roubam mas fazem”. No momento que continuamos engolindo os auxílios moradia do judiciário e que este tipo de gasto é mais prioritário que uma saúde decente, uma segurança que nos dê paz e uma educação que nos torne competitivos no mercado, estaremos aceitando mais do mesmo.
Com a condenação de Lula divulgada ontem vi que muita gente festejou (o que é normal). Mas junto a isso será que virão as condenações do Temer, a exclusão de Aécio e todos os demais deturpadores da moral pública que nos assolam? Só para constar, ontem mesmo o Geddel foi para a prisão domiciliar, e nós aqui feito palhaços de circo achando que agora nosso ouro não é pepita de tolo.
Nossa esperança só reluzirá como ouro de verdade quando deixarmos a ilusão de lado e entendermos que nossa salvação será demorada, árdua e trabalhosa, mas se dará só por nós. É em nós que está o futuro decente, desde que não nos deixemos nos iludirem facilmente.
Boa semana!
Fredi Camargo – Cientista Político
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