A esperança é o que move a humanidade dizem muitos. Realmente, se pararmos para analisar a fundo a raça humana, é exatamente a ambição de termos um futuro melhor a cada dia que nos move. As pessoas vivem seu cotidiano exatamente porque acreditam, mesmo que inconscientemente, que aquilo que elas fazem na sua rotina, vai leva-las a perspectivas melhores de vida.
Quando algo está errado e as pessoas não são particularmente tocadas com isso, normalmente a reação é a de que “ah, não me afeta mesmo, não vai mudar minha vida…”. Pois bem, esta é uma prova de que mesmo presenciando situações que socialmente são desaprovadas, a grande maioria das pessoas creem que em não alterando a sua esperança de melhora de vida, aquilo não lhes importa.
Passando para um cenário maior, analisando uma sociedade em si, chegamos ao exemplo que queria usar: o Brasil. Um país que é marcado exatamente pela esperança, que diariamente vê exemplos de tramoias e escândalos que mexem com a vida de todos mas que inexplicavelmente não consegue reagir com a força que deveria para alterar este quadro. E sabem por quê? Pela bendita esperança.
Mas a esperança que move o povo brasileiro ao mesmo tempo que funciona como um bálsamo contra o sofrimento pode mascarar uma armadilha perigosa. É nela que debruçam-se aqueles que iludem o povo com falácias e discursos populistas. É na esperança do brasileiro sofrido, sem tempo para reflexão e conscientização, que mora o maior pesadelo para a nossa sociedade, o político desonesto e egoísta.
Pois foi nessa troca de esperança pelo medo que se forjou aquele que foi um dos maiores partidos brasileiros pós reabertura democrática. O PT, com discursos encorajadores, com combate ferrenho contra a política até então dita tradicional e ultrapassada, na busca de uma melhor condição social, humana e moral, vendeu-se como sendo aquele que mudaria o paradigma da história política brasileira. Vendeu esperança.
Particularmente, entes que pensem que este é um texto partidário e direcionado contra o PT, estive a frente de combates políticos defendendo as ideias de líderes desse partido na década de 90 e no começo dos anos 2000 pois algumas delas ainda cabem ao que penso sobre igualdade e humanidade. Porém, este partido, como tantos outros antes dele, cometeu o pecado mortal para quem tem esperança de verdade: caiu na vala comum do sistema político brasileiro. Se rendeu ao capital e ao jogo sujo pelo poder. Mostrou ser igual ou até mesmo pior do que aqueles a quem combatia. Feriu quem realmente acreditava em ideais sem esperar qualquer “boquinha” política em troca. Mostrou que a política é um jogo de uma regra só e, como não mudou em toda nossa história, jamais vai mudar. Enfim, acabou com muita esperança alheia por aí. E antes que queiram defender figura A ou B, estou falando do conjunto partidário e mesmo que estas figuras estejam mesmo inocentes nos episódios, mostraram fraqueza de espírito político por não combaterem abertamente o que estamos presenciando diariamente.
Pelo menos os episódios que vemos hoje nos deixam mais esclarecidos diante de algumas rusgas que diariamente ocorrem. A esperança e aquilo tudo que víamos e vislumbrávamos para nossa nação, estão se esvaindo de minhas certezas políticas pois vejo que a coisa é bem mais simples no jogo político. Ali quem tem mais poder financeiro se mantém, quem tem menos corre atrás. Quem quer apoio vende promessa, quem já está lá vende dignidade e quem tem esperança limpa e consciente morre tentando. E o povo, este que se mantenha iludido na esperança de dias melhores, pois pelo visto estamos fadados a isso mesmo.
Uma boa semana!
Fredi Camargo – Cientista Político
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