Ações desenvolvidas pela Secretaria da Agricultura em parceria com a Emater buscam garantir sustentabilidade às propriedades e expandir a área cultivada com alimentos livres de agrotóxicos.
Conforme o prefeito Paulo José Grunewald, o objetivo é oferecer aos consumidores produtos mais saudáveis, preservar os recursos naturais, aumentar a renda das famílias e fortalecer a economia. “Existe mercado. Vamos intensificar a orientação técnica, os incentivos, buscar novos canais de venda e esclarecer os males causados pela ingestão de produtos contaminados com agroquímicos”, enfatiza.
Para ele, o aumento nos casos de câncer está ligado ao consumo de alimentos cultivados com agrotóxicos. Grunewald diz que os alunos do município já desenvolvem projetos que abordam a importância de uma alimentação correta. “Na creche temos uma horta onde os estudantes aprendem a cultivar e consumir alimentos sem venenos. Isso influencia os pais a mudar a forma de produzir e comprar”, afirma.
Cita que várias famílias adotam novos modelos produtivos e são exemplo de que é possível produzir de forma sustentável, em larga escala e oferecer um alimento mais saudável. “Começamos faz dez anos em uma propriedade onde o tabaco convencional foi substituído pelo orgânico. Agora queremos expandir para outros cultivos, principalmente hortigranjeiros”, comenta.
Jovens implantam pomar
Anderson Bald e a namorada Joice Dragoon, de São Vitor, integram o grupo de seis famílias do Vale do Taquari que buscam criar uma Organização de Controle Social (OCS), que receberá o nome de Orgânicos do Vale.
Segundo Bald, a produção livre de agroquímicos, além de oferecer ao cliente um alimento mais saudável, garante um ambiente mais protegido. “Queremos ter mais qualidade de vida. Comer e vender alimentos mais nutritivos e saborosos”, comenta.
A família de Bald já produz melado e schmier. Desde fevereiro, não aplica agrotóxicos na lavoura onde foi instalado o pomar de figueiras. As primeiras frutas serão colhidas em fevereiro de 2018. O casal planeja iniciar a produção de morangos, amoras e laranjas. O controle de doenças e pragas será feito com produtos biológicos. Tudo será processado em uma agroindústria, cujo prédio será construído em 2018.
Joice busca qualificação para assumir a responsabilidade técnica. “Vamos produzir de acordo com a leis, nos adaptar às exigências dos consumidores e buscar a certificação para agregar valor aos produtos”, afirma.
Depois do tabaco, o foco é o leite
A família Quinot, da localidade de Neu Deutschland, cultiva 40 mil pés de fumo no sistema orgânico faz dez anos. Conforme Marcelo, além da valorização, outro aspecto importante é a saúde de quem trabalha no cultivo. “É fácil produzir, basta mudar de atitude e trabalhar um pouco mais. Nossa qualidade de vida melhorou muito, assim como nossa remuneração”, aponta.
Neste ciclo foram produzidas 520 arrobadas. O valor da arroba chega a R$ 156, mais um adicional de 60%, quando o produto, após uma análise feita na Alemanha, é atestado livre de qualquer substância química.
O próximo passo é tornar a produção de leite orgânica. Por dia, são produzidos 850 litros. Na propriedade, a aplicação de químicos foi reduzida em mais de 80% nos últimos anos. “O controle de pragas é feito com produtos biológicos e a adubação com esterco (suínos e vacas). Pretendemos buscar a certificação e assim valorizar a matéria-prima”, finaliza.
Consumo garantido
De acordo com o supervisor da Emater Regional de Lajeado, João Caíno, a organização tem por objetivo estimular os agricultores para a produção de alimentos orgânicos, certificando-os e dando visibilidade a seus cultivos. “Os produtos livres de agroquímicos são cada vez mais procurados pelo consumidor. É um nicho de mercado fenomenal. Hoje o consumo é maior do que a oferta”, destaca.
Conforme Caíno, hoje no estado cada pessoa consome mais de oito quilos de agrotóxicos. Para reverter esse número, a Emater desenvolve cursos sobre manejo, controle de doenças, pragas e formas de expandir a produção e a venda de produtos orgânicos.
Texto: Ascom Forquetinha