O tema sucessão rural, no Brasil, tem sido pauta de diversas pesquisas e trabalhos desenvolvidos nos últimos anos e tem ganhado cada vez mais espaço nas esferas relacionadas ao setor agro em função da importância deste segmento na produção de alimentos para toda sociedade e riqueza na economia.
Diferentemente de uma empresa, onde existem funções e hierarquias estabelecidas, a lógica da agricultura familiar, é muito mais complexa, uma vez que existem laços sanguíneos e emoções que envolvem família, patrimônio, finanças e tomada de decisões.
Não raros casos, existem conflitos entre gerações, em que, por exemplo, pais e filhos apresentam diferentes pontos de vista sobre o empreendimento, gerando muitas vezes um distanciamento e/ou desinteresse do filho, em adquirir sua autonomia, permanecer no rural e planejar seu futuro na atividade agropecuária.
A complexidade da sucessão rural é ainda maior quando a família possui um ou mais herdeiros, que não atuam diretamente na atividade, mas que por direito possuem participação no patrimônio.
A melhor forma de superar as diferenças e avançar no caminho da sucessão familiar é indiscutivelmente o diálogo orientado! E aos pais cabe o importante papel de reconhecer que a “passagem do bastão” deve ser feita em vida, de preferência quando os pais tiverem boa saúde para reunir os filhos ou filhas e com apoio de profissionais especializados possam estruturar um projeto que contemple a realidade da família a ser assistida.
Outro ponto muito importante na sucessão rural trata-se do preparo dos jovens para assumir a função de liderança na propriedade rural. É imprescindível que o futuro produtor rural conheça as peculiaridades do empreendimento. Entenda da execução das tarefas, mas também se preocupe com a gestão do negócio.
Nesse universo complexo, chamado sucessão rural, nosso olhar enquanto agente de extensão rural tem como premissa apoiar empreendimentos, famílias rurais e especialmente jovens que desejam permanecer ou voltar para a atividade agropecuária com vistas a garantir a geração de renda e qualidade de vida para as famílias rurais, de modo que ele(a) possa ter condições de tomar a decisão entre permanecer ou sair, por sua livre escolha.
Eduardo Mariotti Gonçalves é Engenheiro Agrônomo da Emater RS/Ascar e membro do Grupo de Trabalho de Sucessão Rural na região Vale do Taquari.