O cultivo de uvas faz parte da história da família Casaril, de Encantado. Na propriedade que fica na Linha Divertida as parreiras carregadas de frutas percorrem gerações. “Era assim desde a época do meu avô”, recorda Ari Casaril, hoje com 67 anos. E com o apoio da Emater/RS-Ascar e um olhar mais atento para o potencial que pode haver na consolidação de uma agroindústria familiar e, consequentemente, do turismo rural, a tendência é a de que as videiras tenham vida longa no local. Ao menos é o que garante o jovem Mateus Casaril, de 28 anos.
Caçula da família – completada pela dona Clari (a mãe) e pela Sabrina (a esposa) -, Mateus foi o único que, efetivamente, permaneceu na propriedade. E enxergou na fruta, que é comercializada in natura diretamente para o consumidor, uma oportunidade. Com pouco mais de três hectares plantados, sendo a maioria de uvas da variedade Bordô – há alguma coisa de Niágara Branca e Rainha Itália -, a safra chega a ultrapassar as 40 toneladas de uvas por colheita. “Uma parte da colheita também é convertida em sucos e vinhos coloniais”, explica Mateus.
E é justamente essa parte que poderá representar o “avanço” aguardado pelos Casaril. Com o projeto para a implantação da agroindústria já cadastrado no Programa Estadual de Agricultura Familiar (Peaf) da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Governo do Estado, o empreendimento que formalizará a comercialização de vinhos coloniais deve sair em breve. “A planta do projeto já foi encaminhada, bem como a busca legalização nas esferas sanitária, ambiental e fiscal”, destaca o extensionista da Emater/RS-Ascar Eduardo Mariotti Gonçalves.
Como parte do apoio à família, a ação da extensão rural também pode ser vista nos projetos de crédito de custeio e investimentos – via Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) -, no acesso à manuais de Boas Práticas de Fabriucação, na organização e no planejamento para o turismo e na participação de cursos e capacitações nos mais variados temas. “Na realidade, faz cerca de 20 anos que passamos a enxergar o cultivo da uva a partir de um viés mais ‘profissional’”, aponta Ari. No começo dos anos 2000 eram cerca de 2 mil pés plantados. Hoje são mais de 10 mil.
Sair da informalidade também contribuirá para que a família oficialize outros projetos que estão “no papel”. Um deles é aproveitar a bela paisagem existente na propriedade – de terreno dobrado -, para a instalação de cabanas. Nesse sentido, o apoio de Rober, irmão mais velho de Mateus, tem sido fundamental. Formado em engenharia agrícola, ele é uma espécie de “mentor” da ideia. “Ainda mais agora, com a existência do Cristo Protetor (construção que deverá ser finalizada no segundo semestre, no município), e o avanço da vacinação, parece haver um movimento favorável para o turismo”, acredita Mateus.
Não por acaso, com o auxílio da Emater/RS-Ascar, a família pôde conhecer outros empreendimentos de turismo e outras agroindústrias para trocas de experiências e intercâmbio de informações. “Confirmada a instalação da cantina, ela será a primeira de Encantado”, destaca a extensionista da Emater/RS-Ascar Tatiane Turatti. Todo esse contexto, aliado a facilidade de interlocução entre todos os Casaril, tem facilidade o processo de sucessão rural, que ocorre de forma gradual e planejada. “Aqui tenho qualidade de vida, renda, tranquilidade pra trabalhar”, comenta o jovem. “Não troco isso por nada”, finaliza.
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar – Regional de Lajeado