Instituído em 1989, o Dia Nacional da Conservação do Solo – celebrado nesta quarta-feira (15/04) – visa a valorizar as práticas conservacionistas do solo, essenciais para a manutenção não apenas de um ambiente saudável e sustentável, mas também adequado para a continuidade da atividade rural, com produtividade. “É um dia muito mais de reflexão do que de comemoração sobre as práticas, os manejos que adotamos nas mais diversas culturas e criações”, pondera o extensionista da Emater/RS-Ascar Marcos Schäfer.
É, na realidade, um tema transversal e que está diretamente relacionado à ação da extensão rural – condição que foi ampliada especialmente após a criação do Programa Estadual de Conservação do Solo e da Água pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Governo do Estado, ao qual a Emater/RS-Ascar trabalha em parceria. “Trata-se de uma linha prioritária de trabalho, especialmente no que diz respeito ao trabalho de análise do solo e de posterior correção da acidez e de nutrição”, explica Schäfer.
Nesse sentido, é possível afirmar que analisar o solo está na origem de todo um planejamento de ações que possam ser executadas com os agricultores, no sentido de preservar o recurso natural. Este foi o caso, por exemplo, do agricultor Marcelino Meincke, de Estrela. Responsável pela Granja Recanto da Volta, trabalha com pecuária de corte em modo intensivo, que alterna entre as modalidades de confinamento e semi-confinamento. No local, duas áreas, uma de 14 hectares de pastagens e outra de 19 hectares de produção de grãos e silagem de milho, garantem a alimentação do rebanho.
“É um tipo de sistema que poderia exaurir os recursos naturais, mas a família sempre teve como base de suas ações o bem-estar dos animais e a sustentabilidade”, enfatiza o extensionista da Emater/RS-Ascar, Álvaro Trierweiler. Não por acaso, desde o início sempre tiveram como prática a análise de solo para a correção de pH e as adubações planejadas de acordo com as necessidades, além da adoção de plantas de cobertura em períodos de pousio e sistema de plantio direto. “É o tipo de monitoramento que garante bons resultados em cada cultura, todos os anos”, enfatiza Meincke.
Para o agricultor tratam-se de pequenas ações, feitas com baixo custo. “É claro que o clima como variável pode comprometer de alguma forma, mas até mesmo ele pode nos favorecer neste tipo de monitoramento”, ressalta o produtor. Na propriedade, a Emater/RS-Ascar tem feito um trabalho de mapeamento de pequenas áreas, que corrige pequenas porções que apresentam algum tipo de deficiência, o que também economiza insumos. “Muitas vezes a gente não pensa no solo como um organismo vivo, deixando-o para depois e é importante cuidar dele como parte essencial de nossa atividade”, completa Meincke.
Além destas ações – de análise e correção do solo, do uso de plantas recuperadoras e do sistema de plantio direto – Schäfer salienta ainda o fato de haver uma série de outros manejos que podem ser adotados. É o caso da semeadura em contorno, que cria miniterraços com sulcos que evitam o escorrimento superficial da água; da rotação de culturas, que introduz a diversidade de alimento para as bactérias e fungos do solo e a implantação de estruturas de condução de águas superficiais que “sobram”, o que pode ser feito com curvas de nível, adoção de terraços, adequação de estradas, entre outras, que podem evitar a erosão.
Na Granja Recanto da Volta, o processo de compostagem aeróbica controlada, que produzirá biofertilizante, se insere como outra alternativa de cuidado com recursos naturais. “É uma forma de substituir práticas convencionais de uso de adubos químicos, herbicidas, fungicidas ou outros que agridem e acabam com a vida dos microorganismos”, afirma Meincke. “Nossa intenção, ao final, é repovoar a vida do solo para que possamos aproveitar melhor todos os nutrientes que nele já estão acessíveis, para que as plantas possam absorvê-los”, finaliza o agricultor.
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar – Regional de Lajeado
Jornalista Tiago Bald