Com o objetivo de discutir temas relacionados à viticultura, a Emater/RS-Ascar de Roca Sales realizou na terça-feira (28/05), mais uma edição do Seminário de Fruticultura. O evento, ocorrido no salão da comunidade de Linha Parobé Alto, foi dividido em duas partes. Na primeira, de manhã, houve palestras com representantes da Univates e da Embrapa Uva e Vinho. Na parte da tarde foi a vez de uma atividade de campo com estações sobre corretivos de solo a partir da análise de amostras, implantação correta de um parreiral e controle da mosca da fruta.
Responsável pela palestra “Identificação e manejo de ácaros na videira e outras frutíferas”, o professor e pesquisador Guilherme Liberato da Silva, apresentou parte do projeto Manejo de vinhedos: controle biológico sobre a produção de substâncias bioativas, que busca identificar soluções para o controle de ácaros que as videiras do Vale do Taquari, auxiliando os produtores a reduzir o uso de pesticidas nas plantações. “Nesse sentido, os ácaros-predadores podem contribuir para o controle biológico, sendo importante reconhece-los e identifica-los”, pontua o professor.
Na conversa com os agricultores, a equipe da Univates possibilitou a visualização e o reconhecimento tanto dos ácaros-predadores quanto dos ácaros-praga, por meio da utilização de um microscópio. “O que a gente consegue perceber por meio da pesquisa é que o uso de alguns fungicidas pode causar um desequilíbrio entre os ácaros do ‘bem e os do mal’”, avalia Liberato. “A nossa intenção é justamente a de dar esse retorno aos produtores, que, a partir dessas informações, podem adotar práticas mais sustentáveis em seu trabalho”, salienta.
Em seguida, o coordenador do projeto Mudas de Videiras com Qualidade Superior da Embrapa Uva e Vinho, pesquisador Daniel Grohs, destacou a importância da aquisição de matrizes com alta sanidade, de preferência obtidos junto à viveiristas certificados, para que o produtor seja bem sucedido em seu vinhedo. “Atualmente há muitos casos de morte de parreirais precocemente e este fato está diretamente relacionado a colocação de plantas contaminadas por fungos ou que sejam suscetíveis a algum tipo de vírus no porta-enxerto”, comenta Grohs.
Para o pesquisador, o agricultor muitas vezes se torna refém do que ele qualifica como “ciclo interminável de mortandade”, já que o excesso de confiança do produtor, aliado a aquisição de matrizes de baixa qualidade, faz com que haja declínio dos vinhedos em pouco tempo. Em sua exposição, salienta a importância da renovação da área de implantação – como forma de escapar de doenças do solo -, comprando mudas sadias, uniformes e concedendo especial importância ao manejo de implantação. “Este será o ponto de partida para o sucesso na produção de uvas”, pondera.
Para o agricultor Adelar Berá, de Linha Brasil, o seminário trouxe assuntos relevantes, uma vez que ele está em pleno processo de substituição de 400 plantas de uva da variedade Concord, que sofreram com doenças fúngicas. “Nesse sentido é importante saber quais os tratamentos que podem reduzir os danos em novos parreirais e quais as tecnologias disponíveis”, avalia, o produtor, que integra o Programa de Gestão Sustentável da Agricultura Familiar (Pgsaf), operacionalizado pela Emater/RS-Ascar, por meio de convênio com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Governo do Estado.
Participaram ainda do encontro o prefeito de Roca Sales, Amilton Fontana e o assistente técnico regional em Sistema de Produção Vegetal da Emater/RS-Ascar Derli Bonine, além de representantes de entidades e agricultores de oito municípios da região. Em Roca Sales são 45 produtores e uma área plantada de cerca de 100 hectares, que rendem pouco mais de duas mil toneladas de uvas por safra. “Uma das marcas do município é a fruticultura diversificada, com produção de cáquis, goiabas, pêssegos e uvas, o que justifica a escolha do tema desse ano”, finaliza o extensionista da Emater/RS-Ascar de Roca Sales, Guilherme Miritz.
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar – Regional de Lajeado
Jornalista Tiago Bald