Sim, o Brasil está em uma encruzilhada. Mas não é uma escolha simplória entre esquerda e direita, não é uma simples divisão partidária e ideológica. Estamos no momento de escolher se queremos manter nossa história aos mesmos moldes de sempre, e que não deram muito certo, ou se pretendemos alterar nosso rumo como nação.
Com a possibilidade da lei estar sendo realmente aplicada em uma parte da camada social até então inatingível, a população do Brasil, apesar das rupturas que muitos estão querendo propor, pode finalmente sentir o gosto de que é a real dona do Estado e dela dependem os rumos que todos irão tomar. Os acontecimentos mostrados diariamente na mídia tradicional ou nas ferramentas de comunicação pela internet, com as descobertas e punições a que estão sendo submetidos figurões da política e do meio empresarial, mostram que desta vez parece que o povo vai presenciar uma nova república surgindo. Vai ser um parto forçado, uma dor imensa, muito sofrimento, mas poderá ser também o sinal de que afinal, amadurecemos de vez.
Mas se enganam aqueles que acham que basta os agentes da lei e da esfera política agirem e estará tudo resolvido. Isso tudo nós já temos há 500 anos. É nesta hora que falo sobre o país escolher entre manter sua história no mesmo rumo ou alterar a cultura da não participação social e experimentar o que é democracia direta e ampla. Em uma cultura democrática as pessoas que saem ordenadamente para as ruas, que cobram de seus representantes ou simplesmente exigem seus direitos como cidadãos devem ser o exemplo para nós daquilo que um povo deve ser. Estamos na iminência de podermos nos diferenciar de gerações passadas.
Por muitos séculos a sociedade brasileira foi se acostumando com a cultura do patrimonialismo, onde agentes públicos utilizaram-se de seus postos e cargos para receberem vantagens pessoais. Infelizmente esta cultura ainda perdura em muitos rincões. Temos muitos representantes públicos que possuem o hábito de usarem informações e poderes privilegiados para usufruírem particularmente do erário e o caso da JBS exposto na última semana serviu como exemplo disso. Mas a história está mudando e não podemos perder a chance.
Felizmente estamos diante de acontecimentos que podem, mesmo que ruins de serem digeridos, serem fundamentais para que o povo acorde de vez. A combinação de ações da polícia e do judiciário, colocando grandes empresários e políticos figurões na cadeia, pode ser o que falta para que as pessoas entendam que não é somente para o restante do povo que os rigores legais são aplicáveis. Também podem ser estes os fatos que farão o povo compreender que quando as pessoas participam, se revoltam e buscam a justiça para todos um país pode ser considerado verdadeiramente uma nação.
Sobre a justiça, quando finalmente esta entende e age conforme os princípios da busca de igualdade numa sociedade, quando compreende que deve prevalecer acima do poder econômico o poder do justo finalmente dá liberdade e segurança para que os bons comecem a denunciar e mostrar a sujeira dos maus. É só assim, com a escolha de ser uma nação justa, confiável, de luta e participação popular contra um poder corrupto e desigual, que o Brasil vai ser a nossa pátria realmente amada e idolatrada. Pois é esta pátria, que mostra aos filhos que a justiça está prevalecendo, com a honra erguida, que finalmente poderá ser chamada de mãe gentil.
Boa semana!
Fredi Camargo – Cientista Político
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